quarta-feira, 31 de março de 2010

sábado, 2 de agosto de 2008

Além do tempo.





















Além do tempo

Esse amor sem fim, onde andará?
Que eu busco tanto e nunca está
E não me sai do pensamento
Sempre, sempre longe
Esse amor tão lindo que se esconde
Nos confins do não sei onde
Vive em mim além do tempo
Longe, longe, onde?
Por que não me surges nessa hora
Como um sol
Como o sol no mar
Quando vem a aurora
Esse amor que o amor me prometeu
E que até hoje não me deu
Por que não está ao lado meu?
Esse amor sem fim, onde andará?
Esse amor, meu amor,
Onde andará?

(Vinicius de Moraes)

Foto: Marc Trautmann

segunda-feira, 28 de julho de 2008




I'm happy, I'm feeling glad.

I got sunshine, in a bag.

I'm useless, but no for long.

The future is coming on.



(Clint Eastwood-Gorillaz)

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Fantasia


Será que a fantasia poderia findar? Não, acho que por si só não conseguiria. Mas o mundo te sufocará. Procurando fazer com que você se pergunte infinitas e angustiantes vezes o quanto vale fantasiar se nada se tornará real. Pode ser verdade, mas nunca real. E o que tem de tão especial na realidade? Essa realidade que todos fazem questão de lhe jogar na cara. Realidade sufocante e hipócrita que lhe faz querer deitar e parar de ser racional por um mísero momento. O mundo te sufocará. Sufocará até você pensar que é tola. Até você também começar a achar que a fantasia lha impedirá de viver. Mesmo sabendo que antes, era responsável pela vida de seus dias. Ele irá te sufocar até você se render a eles. Será mais uma das integrantes da Incrível Realidade. Então eles irão te soltar. Quem sabe... Mas, minha criança, tente respirar. Mesmo que seja perto do inatingível, tente respirar. Apenas espero que não morra tentando. Pois se isso acontecer,bom, talvez, a fantasia venha a findar.
Pintura de Vladimir Kush

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Viagem.

Meus pés estão frios, minha alma idem.
Estou tão vazia.
Gostaria de encontrar uma razão, no entanto acho várias.
Estou preocupada, estou com saudades.
Gostaria de afundar-me nessa viagem, mas insisto em continuar assim, fingindo.
Está frio lá fora e não ouso sair. Está triste aqui dentro mas não posso voltar. Ah.
Fico triste.
Existe tristeza maior do que não saber o motivo de emoções tristes?
A névoa parece cobrir meus olhos, mas infelizmente ela não o faz, ainda vejo aquela luz ao fim. Luz que esconde o que há por trás e eu não estou a fim de aventurar-me.
Andar por ruas desertas? Quem sabe.
Mas eu não iria achar você lá e ai voltaria.
Está tão frio lá fora, não quero sair.
Tenho que ir. Vou dormir e esperar que o amanhã passe mais rápido que o hoje, para os sentimentos se misturarem de novo, para que eu viaje de novo.

sábado, 12 de julho de 2008

Rifa.

Rifa-se um coração

Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta
Clarice Lispector

Foto: Robert Doisneau

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Viver.

Quando a gente pensa que não há mais lugar na vida para autenticidade sempre aparece alguém novo, e você muda todos os seus conceitos.
Quando ver o pôr-do-sol parece algo sem menor notoriedade, você acorda às 5 da manhã e vê às 6 porque ainda vale a pena viver.
Quando sentar-se no balanço para brincar parece não ter graça, você experimenta apenas se embalar, e ao sentir o vento bater no rosto você entende porque está ali.
Tudo parece ser tão cansativo às vezes. No entanto, essas mesmas coisas que parecem tão banais às vezes, quando você está com estado de espírito percebe que, são coisas repetitivas por um motivo.
Como dizia Vinicius de Moraes: "Quem passou por essa vida e não viveu, pode ser mais. Mas sabe menos do que eu".
Porque em pequenos momentos é que a gente vive. Com pequenas sensações que trazem, nada mais, nada menos, do que boas memórias e grandes alegrias. Nada melhor do que viver de tudo.

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto. Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!
Clarice Lispector

Ps:
~ 1ª Imagem: Rodney Smith
~ 2ª Imagem: Tim Walker