segunda-feira, 28 de julho de 2008




I'm happy, I'm feeling glad.

I got sunshine, in a bag.

I'm useless, but no for long.

The future is coming on.



(Clint Eastwood-Gorillaz)

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Fantasia


Será que a fantasia poderia findar? Não, acho que por si só não conseguiria. Mas o mundo te sufocará. Procurando fazer com que você se pergunte infinitas e angustiantes vezes o quanto vale fantasiar se nada se tornará real. Pode ser verdade, mas nunca real. E o que tem de tão especial na realidade? Essa realidade que todos fazem questão de lhe jogar na cara. Realidade sufocante e hipócrita que lhe faz querer deitar e parar de ser racional por um mísero momento. O mundo te sufocará. Sufocará até você pensar que é tola. Até você também começar a achar que a fantasia lha impedirá de viver. Mesmo sabendo que antes, era responsável pela vida de seus dias. Ele irá te sufocar até você se render a eles. Será mais uma das integrantes da Incrível Realidade. Então eles irão te soltar. Quem sabe... Mas, minha criança, tente respirar. Mesmo que seja perto do inatingível, tente respirar. Apenas espero que não morra tentando. Pois se isso acontecer,bom, talvez, a fantasia venha a findar.
Pintura de Vladimir Kush

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Viagem.

Meus pés estão frios, minha alma idem.
Estou tão vazia.
Gostaria de encontrar uma razão, no entanto acho várias.
Estou preocupada, estou com saudades.
Gostaria de afundar-me nessa viagem, mas insisto em continuar assim, fingindo.
Está frio lá fora e não ouso sair. Está triste aqui dentro mas não posso voltar. Ah.
Fico triste.
Existe tristeza maior do que não saber o motivo de emoções tristes?
A névoa parece cobrir meus olhos, mas infelizmente ela não o faz, ainda vejo aquela luz ao fim. Luz que esconde o que há por trás e eu não estou a fim de aventurar-me.
Andar por ruas desertas? Quem sabe.
Mas eu não iria achar você lá e ai voltaria.
Está tão frio lá fora, não quero sair.
Tenho que ir. Vou dormir e esperar que o amanhã passe mais rápido que o hoje, para os sentimentos se misturarem de novo, para que eu viaje de novo.

sábado, 12 de julho de 2008

Rifa.

Rifa-se um coração

Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta
Clarice Lispector

Foto: Robert Doisneau

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Viver.

Quando a gente pensa que não há mais lugar na vida para autenticidade sempre aparece alguém novo, e você muda todos os seus conceitos.
Quando ver o pôr-do-sol parece algo sem menor notoriedade, você acorda às 5 da manhã e vê às 6 porque ainda vale a pena viver.
Quando sentar-se no balanço para brincar parece não ter graça, você experimenta apenas se embalar, e ao sentir o vento bater no rosto você entende porque está ali.
Tudo parece ser tão cansativo às vezes. No entanto, essas mesmas coisas que parecem tão banais às vezes, quando você está com estado de espírito percebe que, são coisas repetitivas por um motivo.
Como dizia Vinicius de Moraes: "Quem passou por essa vida e não viveu, pode ser mais. Mas sabe menos do que eu".
Porque em pequenos momentos é que a gente vive. Com pequenas sensações que trazem, nada mais, nada menos, do que boas memórias e grandes alegrias. Nada melhor do que viver de tudo.

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto. Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!
Clarice Lispector

Ps:
~ 1ª Imagem: Rodney Smith
~ 2ª Imagem: Tim Walker


Acho que o tempo de refletir é algo totalmente necessário apesar de ser torturador. É algo que ansiamos mas também abominamos completamente. As vezes acho que não deverias ter tempo de refletir e repensar na nossa vida, nas situações em que nos encontramos e nas pessoas com que convivemos, embora nessas horas que tenho esse tipo de pensamento é geralmente o momento em que estou refletindo. Odeio isso. Odeio com todas as minhas forças. Mas, o que fazer? Ignorar tudo e deixar que o vento leve nossas decisões fazendo com que não tenhamos escolhas e não nos preocupemos com o que deve ser observado? Acho que não. Pelo menos eu não quero isso. Não nas vezes em sua maioria.

E é nessas horas em que me dou conta do quão impotante é o pensar, o repensar e o refletir. Acho que se não fizéssemos isso não seriamos seres racionais; não seriamos seres humanos.

Embora eu o odeie não consigo parar de o fazê-lo. Reflito sobre minha vida, sobre as pessoas que me são importantes, o que os torna importantes e o que é importante para eles. Penso em mim mesma, nos meus defeitos, que muitas vezes me arrasam, nas minhas qualidades, que por fim sempre as encontro de novo mesmo que nesses momentos elas tendam a se esconder, e no que eu sinto, que na maioria das vezes é o mais complicado. Muito mesmo. E o pensar neles, aumenta mais a incerteza de saber o que eu estou sentindo. Mas depois de muito refletir, tudo fica mais claro, até o que sinto. O que menos gosto em toda essa reflexão, é que não consigo evitar de procurar um jeito de manipular situações para o meu bel prazer e acho isso repugnante.
E pensando em quase todos os meus atos e nos atos dos outros, calculando suas consequencias e procurando suas explicações, vou passando cada dia dessa minha vida com mais insegurança ainda, porém tendo aonde me apoiar e as vezes caindo por não ver o corrimão, sabendo que tudo isso é realmente necessário.
Pintura de Lushpin Evgeni

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Um dia a gente aprende que...

Um dia a gente aprende que...

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, que companhia nem sempre significa segurança, e começa a aprender que beijos não são contratos, e que presentes não são promessas.
Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança; aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo, e aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai ferí-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais, e descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida; aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida, e que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que eles mudam; percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Começa a aprender que não se deve compará-los com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde se está indo, mas se você não sabe para onde está indo qualquer lugar serve.
Aprende que ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se; aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou; aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha; aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens; poucas coisas são tão humilhantes... e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando se está com raiva se tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.
Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém; algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás, portanto, plante seu jardim e decore sua alma ao invés de esperar que alguém lhe traga flores, e você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.
Descobre que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.
William Shakespeare
(Foto by: Tim Walker)